O que você vai ser quando crescer?
Ninguém nos disse quando parar com essa ideia insana.
Desde que nascemos a nossa vida é recheada por
desejos, desafios e metas.
A nossa história é contada através de marcos: o
primeiro sorriso, a primeira palavra, os primeiros passos, o desmame, o início
da escola, a formatura, o início da universidade, o primeiro emprego, o
primeiro carro, o casamento, a casa própria, o primeiro filho, o primeiro neto
e por fim a morte.
Um padrão tão comum, que nem percebemos o quanto ele
guia o nosso caminhar.
De certa forma somos cobrados para seguir um guião,
um estilo, uma sequência. Uma cobrança que começa a ser implantada desde a
infância. Ensinaram-nos que somos incompletos e que precisamos ser alguém.
Nesse loop programado do “Como ser alguém”, muitas
vezes vemos a nossa vida dentro de uma caixa, seguindo todas as regras e
padrões estabelecidos por todos aqueles que nos cercam.
Vivemos tão intensamente uma busca que pouco
percebemos a beleza da vida que nos cerca.
Na infância ouvimos a pergunta: “O que você vai ser
quando crescer?”. Ela nos instiga, trazendo um questionamento e uma certeza de
que devemos tornar-nos algo que ainda não somos.
Acreditamos tanto nisso que, sem querer, nos vemos
totalmente apegados ao que conquistamos, aos títulos que recebemos, à nossa
imagem pessoal e criamos todo um castelo que define quem somos. Temos uma forte
necessidade de provar que somos capazes.
Apegamo-nos de tal maneira que em alguns momentos,
diante de dificuldades ou diante de críticas ao nosso papel, um sentimento de
dor imenso é gerado, como se o desafio estivesse ameaçando a nossa própria
existência. Afinal, agora que nos tornámos algo, não podemos perder o posicionamento,
não é?
Uma coisa é certa: muitos desafios vão aparecer, pois
a todo o momento a vida tentará mostrar-nos
que não somos essas marcas, títulos, posses ou crenças.
Sim, o homem carrega em si um desejo que está presente
em toda a natureza: a evolução. Mas sinto-lhe dizer que essa sede do
infinito nunca será satisfeita da maneira que temos buscado. Nunca seremos
aquilo que projetamos. Nunca seremos nossas conquistas, nem os bens que tanto
almejamos. Tudo isso é um grande engano, pois o nosso único objetivo real
chama-se Aceitação. Precisamos aceitar a nós mesmos. E é nessa aceitação que
mora a verdadeira evolução que tanto buscamos.
Já reparou que aprendemos sempre a copiar? Que o mundo
criativo está sempre em segundo plano? Já reparou que muitas vezes a busca pelo
conhecimento é sem fim? Que ninguém nos ensina que quando nascemos já “Éramos
Tudo”?
Sim, sempre fomos tudo. Todas as possibilidades estão
contidas dentro da nossa essência. A essência que está além do que achamos que
somos. Quando o nosso primeiro olhar entrou em contato com o olhar dos nossos
pais, ali demonstramos toda a nossa essência, demonstramos naquele momento tudo
o que somos. Todo o brilho e toda a beleza estavam ali. E agora, como adultos,
temos o dever de resgatar esse brilho.
É claro que é muito importante adquirir competências.
Aprendemos a comunicar, a escrever, adquirimos conhecimento e tudo isso é muito
importante para atuarmos neste mundo. Porém, isso não nos define.
Existe uma grande diferença entre conhecimento e
sabedoria. Conhecimento é cópia. Sabedoria nasce com a experiência.
Conhecimento se obtém com os livros. Sabedoria é a nossa conexão com a
eternidade e emerge sempre através do nosso Real Ser.
O resgate do brilho dos olhos da criança é a nossa
meta. Esse Ser está bem aí. Ele clama por espaço para se manifestar. E o
caminho para isso chama-se PRESENÇA. Estar presente, vivenciar o agora,
mergulhar no vazio e perceber a vida. Centrar-se.
Pergunte-se: Quem sou eu além dos títulos, além dos
papéis que tenho, além de minhas posses, além dos meus relacionamentos?
A nossa única busca não é por sermos ou conhecermos
algo. A nossa única busca chama-se Liberdade. A nossa única busca chama-se
Felicidade. A nossa única busca chama-se União.
Liberdade=Felicidade=União
Se não precisamos provar nada a ninguém, estamos
Livres. Se aceitamos a vida como ela é, estamos Inteiros. E se podemos
compartilhar o verdadeiro “Eu Sou”, somos plenitude, abundância e felicidade.
Não precisamos tornar-nos nada.
Sempre fomos e sempre seremos a Essência Divina. Somos
o absoluto, a eternidade, a Unidade.
Reconhecer essa essência, abandonando todas máscaras é
a única meta. Voltarmos a ser crianças, puras e gratas a toda a existência.
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